Os frades da mentira

Os frades da mentira pregam todo dia
sua má nova nas ruas.
Caminham orgulhosos,
cabeça no alto,
olhar rígido.

Cuidado com eles,
não gostam dos intocáveis,
calam aos hereges.

Os frades da mentira fazem voto de riqueza,
e pacto de siléncio.
Os frades da mentira, vão em belo e novo carro,
vestindose com roupa conforme,
com ou sem gravata.

Os frades da mentira moram muito
longe de nós, e muito perto também.
Percorrem a mesma cidade, ainda pareça outra,
com outra luz e outra relva.

Alguns disfarçam-se de pobre
e fingem ter dor nas pernas e na alma.
Fingem repartir o pão,
levam falsos farrapos.

Os frades da mentira vão a missa e rezam,
mas não acreditam em Deus.
Esqueceram-se do Céu,
porque para eles ja está na terra.

Que não me perca em suas palavras,
que não me persegam a mim e aos meus filhos.
Eu fecho a minha porta e dormo cheio de medo.

Os frades da menitra não podem ver
o sol detrás das nuvens,
nem as estrelas na escuridão.
Não vêm a felicidade no sorriso.
Não sentem o cheiro da floresta.
Eles são normais.
Nós não.

De manhã e de noite vigiam,
julgam, olham, escolhem.
Nós não.
Não podemos,
só nossa mente escrava.

Os frades da mentira têm medo tal como nós.
Têm medo da consciéncia,
da liberdade,
do pensamento,
dos sonhos.
Eles têm medo.

Comentarios & Opiniones

Lorena Rioseco Palacios

Bello poema y declamación, felicitaciones Ignacio!

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